quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Geléia Geral




(Gilberto Gil e Torquato Neto)

Um poeta desfolha a bandeira e a manhã tropical se inicia
Resplandente, cadente, fagueira, num calor girassol com alegria
Na geléia geral brasileira que o Jornal do Brasil anuncia.

Ê, bumba-yê-yê-boi... ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê... é a mesma dança, meu boi.


A alegria é a prova dos nove e a tristeza é teu porto seguro
Minha terra é onde o sol é mais limpo, e Mangueira é onde o samba é mais puro
Tumbadora na selva-selvagem, Pindorama, país do futuro.

Ê, bumba-yê-yê-boi... ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê... é a mesma dança, meu boi.

É a mesma dança na sala, no Canecão, na TV
E quem não dança não fala, assiste a tudo e se cala.
Não vê no meio da sala as relíquias do Brasil:
Doce mulata malvada, um LP de Sinatra...
Maracujá, mês de abril, santo barroco baiano
Superpoder de paisano, formiplac e céu de anil
Três destaques da Portela, carne-seca na janela, alguém que chora por mim
Um carnaval de verdade, hospitaleira amizade, brutalidade jardim.

Ê, bumba-yê-yê-boi... ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê... é a mesma dança, meu boi.

Plurialva, contente e brejeira, a miss linda Brasil diz "bom dia"
E outra moça também, Carolina, da janela examina a folia
Salve o lindo pendão dos seus olhos e a saúde que o olhar irradia.

Ê, bumba-yê-yê-boi... ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê... é a mesma dança, meu boi.


Um poeta desfolha a bandeira e eu me sinto melhor colorido
Pego um jato, viajo, arrebento com o roteiro do sexto sentido
Voz do morro, pilão de concreto: tropicália, bandanas ao vento.

Ê, bumba-yê-yê-boi... ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê... é a mesma dança, meu boi.