Hoje, ao entrar numa instituição financeira para efetuar um pagamento, passei por um interrogatório da atendente do caixa: “Porque a senhora está nesta fila? Me passa a identidade...”
Não acreditei que estava passando por tal situação. Respirei fundo e respondi: tenho o direito de utilizá-la. E ela não se conteve: “Eu tenho que saber por que a senhora está utilizando a fila de prioridade...”
Respirei fundo novamente e lhe disse: mesmo fazendo uso de bengala tenho que justificar a minha prioridade? E lá vem ela: “muita gente usa bengala só para passar na frente...”. Respirei fundo pela terceira vez, abri a bolsa e “tasquei” no caixa todos os documentos e atestados que possuo para justificar o uso da bengala. Isto tudo diante de uma agência lotada. Tive vontade de chorar, mas me contive.
Sou uma mulher extremamente vaidosa e o uso da bengala já me causou muitos constrangimentos. Hoje sei que sou maior diante da vida do que de uma bengala. Necessito de seu apoio para ser livre leve e solta diante das viagens que faço como palestrante ou passeando pelo mundo. Vou a todos os lugares e confesso que recebo tratamento melhor fora do Brasil, infelizmente.
Tenho esclerose múltipla, doença degenerativa e auto-imune que afeta o sistema nervoso central. Não é uma doença contagiosa, hereditária, fatal e nem mental. Afeta jovens e adultos.
Confesso que ao receber o diagnóstico, desesperei. Passei seis longos meses em cima de uma cama sem conseguir me movimentar e tive que reaprender a andar. Passei por um grande aprendizado e resolvi mudar a minha vida. Sofri com a falta de informação e o medo de não conseguir seguir adiante. Estudei muito sobre a doença e hoje convivo com ela em harmonia. Descobri que hoje posso tudo e muito mais que imagino.
Acabei de receber um e-mail que prova que estou no caminho certo: “Que bom receber seu curriculum, mas na verdade nem era necessário, pois seu trabalho já tem toda credibilidade aqui.”
É isso que me move, alimenta e me faz feliz.
Aprendendo com a Esclerose Múltipla
A aceitação da doença nos ajuda a viver melhor.
Não é fácil aceitar o diagnóstico de uma doença de causa desconhecida e sem cura.
Necessitamos do apoio da família e dos amigos. Muitos desaparecem ou fingem que não existimos. Somem pela falta de informação ou porque não eram verdadeiros.
Prefiro que pessoas assim, fiquem longe de mim.
Hoje, passados alguns anos de diagnóstico e várias internações, sei que levo a vida mais levemente.
Ainda existe muito preconceito com relação à esclerose múltipla, e tento ajudar a desmistificá-la.
Faço isso, porque não quero que as pessoas sofram como eu pela falta de informação, diante de um diagnóstico.
É necessária a união dos portadores no trabalho de conscientização. Juntos formaremos elos de informação, e de elo em elo formaremos uma bela corrente.
É uma causa de muitos...
Todo podem e devem participar.
Vamos à luta!
O dia 30 de Agosto é dedicado à conscientização da esclerose múltipla no Brasil.