sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Pavão Misterioso



(Ednardo)

Pavão misterioso
Pássaro formoso
Tudo é mistério
Nesse teu voar
Ai, se eu corresse assim
Tantos céus assim
Muita história eu tinha pra contar.

Pavão misterioso
Nessa cauda aberta em leque
Me guarda moleque
De eterno brincar
Me poupa do vexame
De morrer tão moço
Muita coisa ainda quero olhar.

Pavão misterioso
Pássaro formoso
No escuro dessa noite
Me ajuda a cantar
Derrama essas faíscas
Despeja esse trovão
Desmancha isso tudo, oh
Que não é certo não.

Pavão misterioso
Pássaro formoso
Um conde raivoso
Não tarda a chegar
Não temas minha donzela
Nossa sorte nessa guerra
Eles são muitos
Mas não podem voar.


sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Paêbirú, o disco mais caro do Brasil

(Artigo: http://www.blogcronicas.com/)

Foi em 1974 que ocorreu a mais psicodélica incursão da música brasileira: o LP Paêbirú: Caminho da Montanha do Sol, gravado por Lula Côrtes e Zé Ramalho nos estúdios Rozemblit.
A equipe de reportagem da Rolling Stone foi atrás deste “tesouro perdido” e contou, na edição de setembro de 2008, um dos mitos da história fonográfica brasileira.

Irônico é que o LP original de Paêbirú também tenha se convertido em achado arqueológico, 33 anos depois de seu lançamento e naufrágio na enchente que submergiu Recife, em 1975. Sua prensagem foi única: 1.300 cópias. Mil delas, literalmente, foram por água abaixo. A calamidade levou junto a fita máster do disco. Milagrosamente, salvaram-se 300 exemplares. Bem conservado, o vinil original de Paêbirú está atualmente avaliado em mais de R$ 4 mil. É o álbum mais caro da música brasileira. Em parâmetros monetários, desbanca, inclusive, o LP Louco por Você, de Roberto Carlos - avaliado na metade do preço.

A expedição no rastro dos mistérios e fábulas do disco se iniciou em Olinda, conforme conta o artista plástico Raul Córdula à Rolling Stone. Ele foi o guia da expedição de seus conterrâneos paraibanos e os levou ao município de Ingá do Bacamarte, localidade conhecida antigamente como Vila do Imperador. Acampados na caatinga sertaneja, de frente à Pedra do Ingá, Ramalho e Côrtes decidiram produzir um álbum conceitual. “As gravações na Pedra foram feitas com raio laser, simulamos com onomatopéias, ‘aves do céu’, ‘pássaros em vôo’ e adicionamos o berimbau, além do tricórdio”, conta Côrtes. A gama de instrumentos utilizados está descrita na ficha técnica do encarte. Efeitos de estúdio, nem pensar: “Só havia as pessoas, as vozes e instrumentos. Certos efeitos, como o rasgar da folha de um coqueiro, por exemplo, muitos pensaram serem eletrônicos”, observa.

Vale conferir.


Lula Côrtes e Zé Ramalho - Paêbirú, Caminho da Montanha do Sol

1. Terra - Trilha de Sumé
2. Terra - Culto à Terra
3. Terra - Bailado das Muscarias
4. Ar - Harpa dos Ares
5. Ar - Não Existe Molhado Igual ao Pranto
6. Ar - Omm
7. Fogo - Raga dos Raios
8. Fogo - Nas Paredes da Pedra Encantada
9. Fogo - Marácas de Fogo
10. Água - Louvação a Iemanjá
11. Água - Regato da Montanha
12. Água - Beira Mar
13. Água - Pedra Templo Animal
14. Água - Trilha de Sumé

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Novos Baianos - Acabou Chorare

Com vocês, Os Novos Baianos...

Baby Consuelo – vocal e percussão
Paulinho Boca de Cantor – vocal e percussão
Pepeu Gomes – guitarra, violão solo, craviola e arranjos
Moraes Moreira – vocal, violão base e arranjos
Dadi – baixo
Jorginho – bateria, bongô e cavaquinho.

O disco Acabou Chorare influenciou e inspirou muitos artistas. Os principais sucessos foram Preta, Pretinha e Acabou Chorare, muito executados nas rádios no ano de 1972.

O álbum foi colocado em 1º lugar na lista dos 100 maiores discos da música brasileira da versão brasileira da revista Rolling Stone. É o melhor disco brasileiro de todos os tempos, na frente de grandes clássicos como Transa de Caetano Veloso, Expresso 2222 de Gilberto Gil e Chega de Saudade de João Gilberto.

Esse é para ouvir abraçadinho, com a pessoa que você mais ama. Curtam com carinho!!


Novos Baianos (1972) - Acabou Chorare

1. Brasil Pandeiro (Assis Valente)
2. Preta Pretinha (Galvão - Moraes Moreira)
3. Tinindo Trincando (Galvão - Moraes Moreira)
4. Swing de Campo Grande (Paulinho Boca de Cantor - Galvão - Moraes Moreira)
5. Acabou Chorare (Galvão - Moraes Moreira)
6. Mistério do Planeta (Galvão - Moraes Moreira)
7. A Menina Dança (Galvão - Moraes Moreira)
8. Besta é Tu (Galvão - Pepeu Gomes - Moraes Moreira)
9. Um Bilhete pra Didi (Galvão - Moraes Moreira)
10. Preta Pretinha (Galvão - Moraes Moreira)

sábado, 7 de fevereiro de 2009

O Cimo da Montanha



"Quem escapa a um perigo ama a vida com outra intensidade. E entrei a amar Virgília com muito mais ardor, depois que estive a pique de a perder, e a mesma coisa lhe aconteceu a ela. Assim, a presidência não fez mais do que avivar a afeição primitiva; foi a droga de Malabar, com que tomamos mais saboroso o nosso amor, e mais prezado também. Nos primeiros dias, depois daquele incidente, folgávamos de imaginar a dor da separação, se houvesse separação, a tristeza de um e de outro, à proporção que o mar, como uma toalha elástica, se fosse dilatando entre nós; e, semelhantes às crianças, que se achegam ao regaço das mães, para fugir a uma simples careta, fugíamos do suposto perigo, apertando- nos com abraços. - Minha boa Virgília! - Meu amor! - Tu és minha, não? - Tua, tua... E assim reatamos o fio da aventura, como a sultana Scheherazade o dos seus contos. Esse foi, cuido eu, o ponto máximo do nosso amor, o cimo da montanha, donde por algum tempo divisamos os vales de leste e de oeste, e por cima de nós o céu tranqüilo e azul. Repousado esse tempo, começamos a descer a encosta, com as mãos presas ou soltas, mas a descer, a descer..."
(Machado de Assis)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Rush - 2112



(Artigo: Fabricio Boppre - whiplash.net)

O trio canadense Rush gravou, ao longo de seus mais de 20 anos de carreira, vários excelentes discos. Se perdeu um pouco na metade da década de 80, gravando discos fracos (vide Grave Under Pressure e Presto), mas na década de 90 voltou a lançar ótimos albuns (como Counterparts e Test for Echo). Mas foi a primeira década de vida da banda que nos deu os melhores álbuns do grupo.
A banda começou com um estilo diferente do que viria a seguir: começou tocando um rock’n’roll básico nos dois primeiros discos, os excelentes Rush e Fly by Night, mas no terceiro álbum, Caress of Steel, começaram a mostrar que possuiam virtudes para fazeram algo mais complexo e inteligente do que o “básico” dos primeiros discos. E isso se deve principalmente a entrada do baterista Neil Peart, excelente letrista e um dos melhores bateristas do mundo. Os próximos álbuns já mostravam o Rush com seu estilo próprio, escrevendo músicas mais trabalhadas, maiores e subdivididas em partes, e, principalmente, com temas até então nunca usados na música. Entre 1975 e 1981 foram lançados os melhores discos do Rush, e, desses, um se destaca particularmente pelo seu conceito: 2112, que foi lançado em 1976.

O disco começa com a sensacional 2112, que tem mais de 20 minutos e é dividida em 7 partes. Nessa música, todos os integrantes da banda mostram do são capazes com seus respectivos instrumentos. Mas o que mais se destaca é a letra de Neil Peart. Nela, ele conta a história de uma sociedade futurística muito parecida com aquela descrita por Aldous Huxley em sua obra-prima Admirável Mundo Novo. É uma sociedade totalmente controlada por “Priests”, que monitoram e censuram todos os aspectos da vida de seus cidadões. Mas tudo muda para um cidadão em particular, no dia em que ele acha um objeto que o liberta (?) dessa vida alienada. A música pode ser vista como uma parábola, muito atual por sinal, e o objeto encontrado pode ser interpretado de diversas maneiras.

A primeira parte da música é instrumental, e é simplesmente arrebatadora, mostrando todo o poder da cozinha do trio canadense. Logo depois, a segunda parte entra com a enigmática citação “...And the meek shall inherit the Earth” (...e o humilde irá herdar a terra). Nessa parte, Geddy Lee canta agressivamente introduzindo na história os Priests. Na terceira parte, Geddy muda radicalmente os vocais para falar do personagem principal e sua descoberta. Na quarta parte, em um duelo incrível de vocais de Geddy contra ele mesmo (personagem principal contra Priests), os Priests esnobam e ficam bravos com o nosso herói e sua descoberta. “Forget about your silly whim, it doesn't fit the plan”, gritam os enraivecidos Priests. Na quinta parte, o personagem mostra-se confuso com tudo que está acontecendo e tem um sonho revelador. Na sexta parte, o personagem já tem consciência do horrível mundo em que vive e decide deixar-se morrer para se libertar. Destaque para a incrível interpretação de Geddy na hora da morte. Na última parte, os seres maravilhosos que apareceram no sonho do personagem voltam para retomar o controle do planeta.
Tudo se encaixa perfeitamente na música: os solos de guitarra de Alex Lifeson; o baixo, também a cargo de Geddy; a bateria incrível de Peart e principalmente os vocais de Geddy. E mesmo depois de passados mais de 20 anos da composição da música, Geddy continua cantando perfeitamente, talvez melhor ainda do que antes. Não tem mais a potência que tinha aos 20 anos, mas agora possui melhor controle de sua voz, o que faz a diferença nessa música. É só escutar a sua interpretação no recente disco ao vivo Different Stages.

Outras músicas que se destacam são: Tears, que é uma belíssima balada acústica, com teclados muito bem encaixados e uma levada bem triste. The Twilight Zone, uma faixa surpreendente, que muda de estilo e ritmo sem perder a coesão; destaque para os vocais sussurrados baixinhos junto a Geddy no refrão, que deixa a música com um estranho tom sobrenatural. Something for Nothing, uma porrada de primeira, uma das marcas registradas da banda. Completam ainda o álbum as excelentes Lessons e A Passage to Bangkok.

Enfim, um excelente álbum. A primeira música se destaca pela qualidade técnica e lírica, mas todas as outras músicas são excelentes, formando um belo conjunto e tornando o disco indispensável.

Rush: Neil Peart (beteria), Geddy Lee (baixo e vocal) e Alex Lifeson (guitarra).

Rush - 2112

1. 2112
I- Overture
II - Temples of Syrinx
III - Discovery
IV - Presentation
V - Oracle: The Dream
VI - Soliloquy
VII - The Grand Finale
2. A Passage To Bangkok
3. The Twilight Zone
4. Lessons
5. Tears
6. Something For Nothing

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Janis Joplin



(Artigo: Flaveus Neutralis - whiplash.net)


Janis Joplin foi muito mais do que a primeira artista branca a alcançar reconhecimento interpretando blues (reduto de músicos negros, principalmente quando consideradas artistas do sexo feminino). Foi também cantora de rock, dona de uma voz incomparável, e capaz de imprimir às músicas que cantava uma marca inconfundível de interpretação e sensualidade.

Nasceu em Port Arthur, Texas, em uma família humilde e conservadora que não aceitava facilmente o caminho que ela havia escolhido. Já na adolescência, cantava blues e folk inspirada por Bessie Smith, entre outras cantoras. Em 1966 se mudou para a Califórnia e juntou-se à banda Big Brother and The Holding Company. Em poucos meses, Joplin tirou a banda da obscuridade, logo assumindo sua liderança (a princípio havia sido chamada apenas para fazer backing vocals). Com esta banda, Janis Joplin gravou o álbum Big Brother And The Holding Company em 1967 e Cheap Trills (um de seus melhores) em 1968.

Em busca de mais liberdade de decisão nos rumos que sua carreira, tomava Joplin abandonou a banda Big Brother para formar a sua própria, The Kozmic Blues Band. Seu primeiro álbum como artista solo foi I Got Dem Ol' Kozmic Blues Again Mama. O resultado, porém, não foi tão bom quanto o esperado, pois embora a sua nova banda tivesse melhores músicos e melhores condições, não tinha a espontaneidade e sintonia que caracterizaram seus trabalhos anteriores.

Em busca da sonoridade mais simples e eficiente, Joplin reformou sua banda com o novo nome Full Tilt Boogie Band. As mudanças no estilo foram imensas - e para melhor - com uma sonoridade que destacava seu vocal que havia se desenvolvido sensivelmente.

Em meio às gravações do álbum Pearl, Janis foi encontrada morta, vítima de overdose de heroína e álcool, ainda com as marcas de agulhas nos braços. O álbum foi lançado com as faixas para as quais ela já havia gravado os vocais. Ironicamente, a música Mee and Bob McGee foi o maior sucesso de sua carreira, dois meses após a sua morte.

Janis Joplin - Greatest Hits

1. Piece Of My Heart
2. Summertime
3. Try (Just A Little Harder)
4. Cry Baby
5. Me And Bobby McGee
6. Down On Me
7. Get It While You Can
8. Bye, Bye Baby
9. Move Over
10. Ball And Chain

O Careta



(Roberto Carlos / Erasmo Carlos / Sebastião Braga)

Abro a camisa e encaro esse mundo de frente
Olho pra vida sem medo sabendo onde vou
Digo que não, que não quero
Passo batido, acelero
São outras coisas que mexem com a minha cabeça
Por isso esqueça.

Meu grande barato é o cheiro da brisa do mar
Me ligo na onda do rádio do meu coração
Viajo na luz das estrelas
Me sinto feliz só de vê-las
E fico contente de ser esse grande careta
Careta
Careta.

Droga! quem afinal é você
Que está se entregando e não vê
Que a vida oferece outras coisas?
Droga! Por tudo, por nada e por quê?
Nadar nessa praia pra quê?
Você não merece essas coisas.

Às vezes quem sabe de tudo tem mais pra saber
Que a porta tão larga na entrada se estreita depois.
E quando lá dentro se apaga
A luz da estrada perdida
É duro esmurrar as paredes buscando a saída
De volta pra vida.

Talvez você ache uma droga essas coisas que eu falo
Mas certas verdades nem sempre são fáceis de ouvir
Não custa pensar no que eu digo
Eu só quero ser seu amigo
Mas pense no grande barato de ser um careta
Careta
Careta.

Droga! quem afinal é você
Que está se entregando e não vê
Que a vida oferece outras coisas?
Cara! Por tudo, por nada e por quê?
Nadar nessa praia pra quê?
Você não merece essas coisas.