The Police lava a alma da geração 80
Banda bate um bolão em histórico show no Maracanã
Rio de Janeiro - O estádio de futebol mais famoso do mundo é, tradicionalmente, a casa do Flamengo e da sua imensa e apaixonada torcida rubro-negra. Anteontem, às 23h15, nos momentos finais do show do The Police, boa parte da galera presente no Maracanã chegou a entoar o coro “Mengoooo” (rsrsrs), mas a noite era mesmo da banda inglesa que voltava ao Brasil depois de 25 anos.
Um dos grupos mais influentes da história do rock e que havia acabado (não oficialmente) há 23 anos, The Police regressou à estrada para comemorar três décadas de carreira. A turnê, que começou em maio, no Canadá, foi eleita a melhor e mais lucrativa do ano pela revista Billboard: até 30/09, a banda tinha arrecadado US$171 milhões em 53 shows vistos por mais de 1,5 milhão de pessoas.
Mas Sting, 56 (vocal, baixo), Andy Summers, 64 (guitarra) e Stewart Coppeland, 55 (bateria), retomaram o grupo também para fazer um acerto de contas com seus próprios demônios e com sua geração. Poucos acreditavam que o trio regressaria um dia, devido às tensões que marcaram o seu convívio. Por via das dúvidas, hoje cada um deles tem seu próprio camarim e eles só se encontram na hora de subir ao palco.
Às 21h30, quando as luzes do Maracanã se apagaram e o ótimo sistema de som inundou o ambiente com a voz de Bob Marley cantando Get up stand up, foi dada a senha para os representantes de uma geração de brasileiros (e muita gente que ainda não era nascida nos anos 80) iniciarem a sua festa. Na primeira música do show de duas horas, Message in a bottle, o The Police já tinha o receptivo público nas mãos.
Na terceira canção, Walking on the moon, Sting – bonito, malhado e com a voz ainda capaz de segurar agudos – aumentou a empatia ao falar em português: “Que saudade do Brasil! Vocês querem cantar comigo?”. Apresentações de bandas com mais de 25 de carreira têm um grande apelo sentimental. A maioria dos fãs, claro, está ali para lembrar canções que embalaram a sua juventude, amores, loucuras.
Mesmo aqueles que, já maduros, continuam gostando de descobrir novos grupos, não vão ver Police ou U2 esperando encontrar a urgência juvenil de um Arctic Monkeys ou uma tradução rocker mais moderna como Strokes. Pessoas que pensam assim e também não se contentam em perdoar possíveis roqueiros decadentes, só porque eles foram importantes em sua juventude, esperam encontrar competência e um som atemporal nessas bandas veteranas.
O reggae de branco feito pelo Police não tem mais (e nem poderia) a energia pós-punk do início da virada dos anos 70/80, mas ainda transmite doses cavalares de carisma, habilidade e hits que desafiam o tempo. E mais: um power trio (guitarra, baixo e bateria) tem que ter muito culhão para preencher com potência a grandiosidade que se espera de um show em estádio. E isso os tios Sting, Andy e Coppeland têm, com o espetáculo de ótimo e enxuto aparato tecnológico, onde se destacam seis telões de alta definição.
Sting parece buscar o sentimento dos velhos tempos ao empunhar o mesmo baixo que ele tocava quando o The Police era a banda número 1 do rock mundial (entre 1979 e 1983): um Fender 55, hoje todo descascado, com as marcas do tempo. Um sentimento comungado pela multidão que cantou Walking in your footsteps, De do do do de da da da, Can’t stand losing you, Roxanne e So lonely a plenos pulmões.
Paralamas – O clima de revival dos anos 80 na noite de sábado foi aberto em alta velocidade, às 20h, com Os Paralamas do Sucesso tocando Vital e sua moto, um hit do início da carreira, justamente quando o The Police era a grande inspiração para a banda.
O reforço do convidado especial Andreas Kisser do Sepultura, na guitarra, aumentou a veia roqueira dos Paralamas. Detalhe: no ska Óculos, Herbert Vianna inseriu um caco na letra e cantou: “Eu não nasci de rodas, eu não era assim...”. O público, como em outros recentes cacos feitos pelo vocalista em shows, aprovou o seu humor negro.
Os Paralamas estão lançando um DVD/CD com a histórica performance no Rock in Rio 1985 e, dia 26 de janeiro, na Marina da Glória, no Rio, gravam o DVD da turnê conjunta que fazem atualmente com os Titãs e cujo show foi mostrado na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, no mês passado. O pulso dos tiozinhos do BRock ainda pulsa bem.
2 comentários:
Oiiiiiiiiiii!
Lúuu
Voce veio no show é?!
Caramba que xique, eu que moro aqui morri de vontade de ir e nada [:(]
Mas...
Beijossss
Isso aqui tá xique de doer ;)
Não creio que vc foi??? FOI?????????
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