Pensamentos, música, poesia, download, literatura, desabafos, confidências, amizade, ressaca, saudade e pisadas na jaca. :)
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Despertar é preciso
Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
* Eduardo Alves da Costa - No Caminho com Maiakóvski (1964)
Poema sem título
Todas as manhãs
Um olhar de mim se esquece
Enquanto sigo em frente
E penso que existo.
São tristes os olhos que me habitam,
Feitos de lembrança e esquecimento.
Os vales se oferecem
E os rios correm no fio prateado da corrente.
Eu sigo tecida d'água e rendas alvas
E os olhos permanecem sempre longe.
Suspiro na paisagem que me segue
E em vão
Todas as manhãs
O teu olhar de mim se esquece.
* maio de 2001 / maio de 2009.
terça-feira, 19 de maio de 2009
Estação
Verlaine tem razão...
o outono às vezes é sufocante.
Em todos os lugares, fina poeira
tapetes de folhas caídas
galhos, restos, cinzas, sede.
Todos os dias, só nostalgia
o sol está tão chato...
- não consigo me aquecer, mas me queimo.
Esperança... não é aquela vizinha louca do Manuel Bandeira?
Aquela que mora no 12º andar do Ano?
Eu também espero que venha a chuva
para molhar um pouco o nosso ar
molhar a angústia do meu coração sáfaro
as minhas crônicas dores de cabeça
minha rinite alérgica
e o tempo passa tão devagar
sem eu saber onde você está...
Sem você
o outono é longo e sem frutos.
* enfiei esse pé na jaca em maio de 2000.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Extra
(Gilberto Gil)
Baixa, Santo Salvador
Baixa, seja como for
Acha nossa direção
Flecha nosso coração
Puxa pelo nosso amor
Racha os muros da prisão.
Extra
Resta uma ilusão
Extra
Resta uma ilusão
Extra
Abra-se cadabra-se a prisão.
Baixa, Cristo ou Oxalá
Baixa, santo ou orixá
Rocha, chuva, laser, gás
Bicho, planta, tanto faz
Brecha, faça-se abrir
Deixa nossa dor fugir.
Extra
Entra por favor
Extra
Entra por favor
Extra
Abra-se cadabra-se o temor.
Eu, tu e todos no mundo
No fundo, tememos por nosso futuro.
Eu e todos os santos,
Valei-nos, livrai-nos desse tempo escuro.
domingo, 10 de maio de 2009
Grito de Alerta
(Autor: Gonzaguinha)
Primeiro você me azucrina
Me entorta a cabeça
E me bota na boca
Um gosto amargo de fel...
Depois vem chorando desculpas
Assim meio pedindo
Querendo ganhar
Um bocado de mel.
Não vê que então eu me rasgo
Engasgo, engulo
Reflito e estendo a mão?
E assim nossa vida
É um rio secando
As pedras cortando
Eu vou perguntando
Até quando?
São tantas coisinhas miúdas
Roendo, comendo
Arrasando aos poucos
Com o nosso ideal
São frases perdidas num mundo
De gritos e gestos
Num jogo de culpa
Que faz tanto mal.
Não quero a razão, pois eu sei
O quanto estou errado
E o quanto já fiz destruir...
Só sinto no ar o momento
Em que o copo está cheio
E que já não dá mais pra engolir.
Veja bem
Nosso caso é uma porta entreaberta
Eu busquei a palavra mais certa
Vê se entende o meu grito de alerta
Veja bem
É o amor agitando meu coração
Há um lado carente dizendo que sim
E essa vida da gente gritando que não.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Mistério do Planeta
(1973)
(2009)
Composição: Galvão / Moraes Moreira
Voz: Paulinho Boca de Cantor
Vou mostrando como sou
E vou sendo como posso
Jogando meu corpo no mundo
Andando por todos os cantos
E pela lei natural dos encontros
Eu deixo e recebo um tanto
E passo aos olhos nus
Ou vestidos de lunetas
Passado, presente
Participo sendo o mistério do planeta.
O tríplice mistério do stop
Que eu passo como sendo ele
No que fica em cada um
No que sigo o meu caminho
E no ar que fez, que assistiu,
Abra um parêntese, não se esqueça
Que independente disso
Eu não passo de um malandro
De um moleque do Brasil
Que peço e dou esmolas
Mas ando e penso sempre com mais de um
Por isso ninguém vê minha sacola.
(2009)
Composição: Galvão / Moraes Moreira
Voz: Paulinho Boca de Cantor
Vou mostrando como sou
E vou sendo como posso
Jogando meu corpo no mundo
Andando por todos os cantos
E pela lei natural dos encontros
Eu deixo e recebo um tanto
E passo aos olhos nus
Ou vestidos de lunetas
Passado, presente
Participo sendo o mistério do planeta.
O tríplice mistério do stop
Que eu passo como sendo ele
No que fica em cada um
No que sigo o meu caminho
E no ar que fez, que assistiu,
Abra um parêntese, não se esqueça
Que independente disso
Eu não passo de um malandro
De um moleque do Brasil
Que peço e dou esmolas
Mas ando e penso sempre com mais de um
Por isso ninguém vê minha sacola.
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