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terça-feira, 28 de junho de 2011
Asas sem mim
Era agosto e eu olhava para o céu. Com uma mão a proteger os meus olhos, descobri um falcão nas termas de ar quente. Cada vez mais alto ia no seu vôo até que, com um estrondoso brado, desapareceu.
Imediatamente senti-me abandonado. "Por que tens asas e eu não?", eu murmurei. Neste momento, o meu espírito disse: "O caminho do falcão não é o único. O teu pensamento é tão livre quanto qualquer pássaro."
Então fechei os olhos e o meu espírito levitou, girando até onde estava o falcão, depois mais além, para que visse o mundo todo. Mas algo estava errado. Por que me sentia tão frio e sozinho?
"Tens asas e eu não", disse o meu coração. "Qual o valor da liberdade sem amor?" Então, silenciosamente, fui à cama de uma criança doente e cantei uma canção de embalar. Ela adormeceu com um sorriso e o meu coração levitou, juntando-se ao meu espírito que circulava a terra. Eu estava livre para amar, mas ainda havia algo de errado.
"Tens asas e eu não", disse o meu corpo. "Os teus vôos são só imaginação."
Então li livros que antes não conhecia, e li sobre santos de todas as épocas que realmente voaram. Na Índia, China, na Pérsia e Espanha (até em Los Angeles!), o poder do espírito alcançou não apenas o coração, mas todas as células no corpo. "Como se carregada por uma grande águia", disse Madre Teresa, "o meu êxtase puxou-me para o ar."
Comecei a acreditar nesta proeza surpreendente e, pela primeira vez, não me senti esquecido. Eu era o falcão, e a criança, e o santo. A meu ver, as suas vidas são sagradas e alcancei a verdade: quando a vida é vista como divina, todos ganham asas.
"Wings Without Me" - poema de Michael Jackson.
Extraído do livro: "Dancing The Dream - Poems And Reflections" - 1992.
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